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oraviva

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27
Jun18

Convosco, professores

publicado por júlio farinha

O acórdão do Colégio Arbitral não é equívoco, é ilegal. Não se justifica, pois, nenhum pedido de aclaração. Podem os sindicatos talvez dirigirem os seus esforços para coisas mais úteis.

   Em primeiro lugar, o acórdão é ilegal porque estabelece o quórum de 50% +1 para as reuniões se realizarem. A lei prevê 100%.

   Em segudo lugar, é ilegal porque prescreve , sem estar para isso autorizado em lei, a prática da recolha pelo director das avaliações dos presumíveis grevistas das suas avaliações. Esta recolha só é legalmente permitida em caso de doença prolongada do professor ou por qualquer motivo de longa duração (o que não se aplica às actuais greves).  

  Ainda em relação ao acórdão destaque-se, pela negativa, a posição do representante dos sindicatos. Também votou a favor, ou seja, contra os professores. Surpreendente, ou talvez não. Diz-se que a filiação partidária do tal “equivocado” representante é a mesma que a do dirigente de uma federação.A ser assim, tirem-se as conclusões autorizadas.

   A ideia que fica disto tudo é que os próprios sindicatos começam a ficar incomodados com as greves. Vá-se lá perceber porquê.

   Se houvesse sindicatos a sério, dir-se-ia que o caminho seria continuar as greves – incluindo as do 9º, 11º e 12º anos. Neste caso era seguir a lei que não autoriza a entrega de quaisquer notas aos directores. As reuniões só deviam ser feitas com 100% de quórum, tendo cada um dos professores as suas notas na mão. Isto é o que manda a lei e não é assunto para inopinanços de colégios arbitrais.

   Reconhece-se que a desobediência civil é assunto provavelmente a invocar pelo governo em caso de não realização das reuniões de 9º, 11º e 12º anos. É uma hipótese que pode atemorizar e não será consensual. É assunto para ser ponderado.

   Se não houver outro remédio, e aqui será uma derrota dos sindicatos e da sua mansa perspectiva, acho que se devem fazer, enquanto possível, as greves aos restantes anos de escolaridade. Os fundos de greve são importantes mas não menos importante é que os directores marquem serviço docente para os dias de greve para que não se desconte um dia a quem falte apenas a dois tempos.

   Para que haja diversificação das formas de luta, julgo que se impõe uma grande manifestação na primeira metade de Julho.

   De todo este processo, acho que os professores foram a única entidade que se tem saído com honra, não porque lhe tenha sido emprestada, mas porque é um produto do seu esforço. Tal como sugeria Aristoteles: a dignidade não é de quem formalmente a possui , mas de quem a merece – por feitos e virtudes.

   Confesso que sinto orgulho na classe a que pertenci (e pertenço). Nesta circunstância, em que sinto alguma tristeza, ocorre-me fazer uma citação de leituras que fiz na minha juventude. A propósito da diferença entre vós e alguns dirigentes políticos e sindicais que julgam mandar alguma coisa nos professores:

 

   “Acontece por vezes que as águias voam à altura das galinhas, mas as galinhas nunca voarão à altura das águias”. 

                                                         (Provérbio russo)

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