O absurdo desgoverno do ministério da educação
Com o fim do descanso estival que o ME e os sindicatos presentearam os professores, estes acabam por receber a notícia esperada. Não há descongelamento de todo o tempo de serviço confiscado.
Do chamado braço de ferro havido entre o governo e os professores, o que é que restou? Uma exigência desmedida e absurda, nomeadamente através da imposição dos mais recentes trabalhos forçados com os quais o incompetente e totalitário ME faz pagar a ousadia da dura e persistente luta dos professores.
O burocrático e centralizado ministério da má educação, revanchista, acaba de impor brutalmente aos desamparados professores um antiprograma caótico a que chama flexibilização curricular que está a lançar a maior confusão nas escolas.
Paralelamente, num outro desumano ataque, metade dos professores com baixa – que a ordem dos médicos diz ser justificada – são mandados, como de malfeitores se tratasse, de volta ao serviço. Esta medida é triunfalmente anunciada associando-a aos efeitos pecuniários. A coisa permite o encaixe de uns milhões de euros que irão direitinhos para os sítios do costume: fazer boa figura em Bruxelas, exibindo um défice de rico, e para ""ajudar" a manter os jobs dos amigalhaços do partido que mais corruptos tem produzido e protegido desde que somos democracia.
Em suma, o partido do governo que o bom povo está, desgraçadamente, a apoiar, tornou-se vingativo, arrogante e prepotente. Os professores estão a ser espezinhados nos seus direitos e dignidade e há muitos que afirmam não poder suportar tal estado de coisas. É como se do ME nos chegasse um tal mau hálito que envenena o espírito civilizado da classe docente. O ensino, a educação e a cultura estão a ser envenenados na pessoa dos seus mais dignos actores.
Quem escreve estas linhas orgulha-se de ter sido combatente pela liberdade e pelo socialismo no que estas causas têm de genuíno. Mas não tenho pejo em afirmar que nem no tempo da Salazar e Caetano a educação foi tão mal tratada. Então, os professores eram respeitados e tinham estatuto, apesar de ser grande o analfabetismo.
O 25 de Abril instaurou um ensino obrigatório para todos. Com esta medida, abriu-se a porta para um outro nível mais elevado de dignificação da docência. Contra ventos e marés, Portugal é, hoje, um país alfabetizado, com um bom índice de qualidade educativa e que se pode orgulhar de possuir um grande número de licenciados, mestres, doutorados e quadros reconhecidos, cá e lá fora, pela sua competência e valor. Este conjunto de académicos e técnicos são, em grande parte, fruto da acção dos nossos professores dos ensinos básico e secundário, desde o 1º ao 12º anos.
Em nome desta realidade, e por respeito pelas convicções e promessas dos próprios, deixa-se aqui um repto aos grupos parlamentares e às direcções do PCP, BE e Verdes: não viabilizem o novo orçamento se não houver, por parte do governo, a garantia inequívoca de que respeita e cumpre o compromisso de contar todo o tempo de serviço congelado aos professores para progressão na carreira. Como está no vosso ideário, nunca se vende a alma ao diabo. Sabemos que não são daqueles que, na ausência de princípios, a vendem por um prato de lentilhas.